SOBRE O ROMANCE O CRIADOR DE LETRAS

  • António Salvado: «Criação de uma espantosa originalidade.»

  • Carlos Vaz
    : «Lindíssima história. Este é com certeza um livro imperdível.»

  • João Céu e Silva
    : «Uma história inesperada e que vale a pena descobrir através do rigor histórico e da construção imaginativa do cenário onde este romance se desenrola.»

  • José Mário Silva
    : «Pedro Foyos sabe criar enredos e escreve com elegância; mas é traído, aqui e ali, pela previsibilidade de uma narrativa condenada a ir de a a z


SOBRE O ROMANCE  BOTÂNICA DAS LÁGRIMAS

  • Fernando de Castro Branco: «Um prodígio de vivacidade, de dinamismo, de graça, de humor, de conhecimento das idiossincrasias dos mais jovens e onde o aspeto lúdico se interliga de forma perfeita com um sábio pendor instrutivo.
    (…) Deixei exarado em ata, na reunião do Departamento de Línguas, ao qual pertenço, e reiterei junto da Coordenadora da Biblioteca, que considerava "Botânica das Lágrimas" uma obra de leitura imprescindível.»

  • Fernando Sobral: «Pedro Foyos, um histórico da Imprensa portuguesa, aventura-se com serenidade num mundo labiríntico onde nem tudo parece o que é no choque frontal com a realidade. (…) A escrita é de um excelente equilíbrio entre a sensibilidade e o humor, algo que nem sempre é fácil mas que ganha aqui contornos bastante belos.»

  • Graça Pires: «Só uma pessoa com uma grande sensibilidade poderia tratar um assunto tão cruel e preocupante como o bullying com a delicadeza e ternura com que Pedro Foyos o faz. (…) A pedagogia do livro é fantástica, a par de uma preocupação ambiental que nos devia interessar a todos.»

  • Mário Bettencourt Resendes: «Uma obra corajosa.»

  • Miguel Real: «Belíssimo romance juvenil de aventura, de obrigatória leitura por professores e alunos.»

  • Paulo Ventura Araújo
    : «Este romance, com uma escrita cheia de ritmo e graça, é uma combinação de fábula com livro-guia – sem dúvida o mais original que já foi publicado sobre qualquer jardim botânico.»



SOBRE A NARRATIVA  JARDIM REPÚBLICA

  • Baptista-Bastos: «Pedro Foyos, grande jornalista, grande construtor de jornais e um dos homens mais honrados e decentes que conheço, acaba de publicar Jardim República, que leva o subtítulo Ficção fantástica inspirada no culto da árvore durante a Primeira República. Está tudo dito? Nada disso. É preciso acrescentar que é um texto admiravelmente bem escrito e, se nele atentarmos, um apelo à grandeza da alma, à dignidade das coisas simples. E, sobretudo, um carinhoso e terno aceno àqueles que fizeram a República. Nestas horas cinzentas e tristes do nosso viver, este livro ilumina-nos.»

  • Estela Guedes: «Pedro Foyos é um homem da floresta, se assim me posso exprimir: ele tem costela de naturalista, adquirida no Jardim Botânico de Lisboa, cenário onde decorre a ação do seu romance anterior, Botânica das Lágrimas, sobre a agressão de jovens estudantes a colegas, nas escolas. A presente obra, Jardim República, em dois textos distintos, uma novela e um ensaio, ambos acompanhados por um corpo de imagens, retoma esse cenário para nos apresentar a revolução das plantas, o seu combate nas fileiras dos implantadores do novo regime. Porém, o livro é um híbrido mais interessante e complexo que uma história com sabor a juvenil, pois inclui trabalho de pesquisa histórica, ensaio de muito valor não só para os estudos da República como os da História das Ciências.
    (…) é bom mencionar que o livro é muito belo também, pelo discurso florestal e pelas ilustrações de Isabel Lobinho e Armando Cardoso.»

  • Gil Montalverne: «Pedro Foyos é um excelente investigador que não desdenha a sua faceta jornalística de renome e consegue juntar, numa obra, a documentação histórica e rigorosa com a ficção fantástica. Este Jardim República é uma obra encantadora. E esta classificação estende-se ao fenómeno de a sua leitura nos encantar ao ponto de não pararmos sem atingir a última página.
    (…) Assinalemos como factor que muito enriquece esta obra a cuidada ilustração a preceito para um conto fantástico.»

  • João Céu e Silva: «Um dos livros mais curiosos da leva de evocações republicanas é o de Pedro Foyos, Jardim República, devido à sua originalidade. Profusamente ilustrado e explificativo, conta a história da "obscura guerra contra os idólatras dos deuses vegetais”, ou seja, foca a presença do Jardim Botânico nos tempos seguintes à implantação da República. Ao longo da narrativa vão-se plantando junto à "Escola Polytechnica” os vários acontecimentos políticos, como é o caso das cargas policiais nas vésperas da ditadura de João Franco, e a memória autobiográfica do próprio autor no que respeita aos efeitos da Revolução de 1910 naquele espaço natural.»

  • Miguel Real: «Uma história verdadeira e belíssima é narrada por Pedro Foyos em Jardim República (Hespéria): a história do conflito entre monárquicos e republicanos no Jardim Botânico, em Lisboa, em torno da Festa da Árvore (os monárquicos acusavam os republicanos de substituírem a adoração religiosa a Deus pela adoração militante à Natureza). Ilustrações, encantatórias para os olhos, de Isabel Lobinho e de Armando Cardoso, paginação muito cuidada. Jardim República é, sem dúvida, o livro graficamente mais belo editado neste Centenário da República.»


SOBRE A OBRA HISTÓRICA
O «GRANDE JORNALZINHO» DA RUA DOS CALAFATES

  • Daniel Proença de Carvalho*: «Li este livro de um fôlego. Na sua simplicidade, dá-nos uma imagem histórica muito impressiva do período em que o jornalzinho nasceu e se afirmou como um título imprescindível do jornalismo português».
    *PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA GLOBAL MEDIA GROUP

  • Edite Esteves*: «Magnífico e tão necessário relato para a nossa memória coletiva».
    *JORNALISTA E ESCRITORA

  • Ernesto Rodrigues*: «Obra deliciosa e didática».
    *ESCRITOR. PROFESSOR NA FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

  • João Gomes*: «Creio que um livro como este terá exigido uma assinalável investigação. Também a prosa é absolutamente escorreita e elegante».
    *JORNALISTA

  • Leonel Gonçalves*: «Uma ampla visão da vida de um Jornal e do Jornalismo».
    *DOCUMENTALISTA. DIRETOR DO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO DO “DIÁRIO DE NOTÍCIAS”, DE 1969 A 2009.

  • Nuno Coutinho*: «Devorei a prosa gulosamente e deslumbrei-me com as imagens do livro».
    *JORNALISTA.

  • Rogério Santos*: «Um grande mérito deste livro, além da elegância do texto, é a perceção perfeita do leitor de que que o autor leu a totalidade das edições do Diário de Notícias ao longo do período estudado».
    *PROFESSOR DE CIÊNCIAS DE COMUNICAÇÃO NA UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA

  • Sandra Augusto França*: «Surpreendeu-me a vivacidade com que é possível contar a história de um jornal quando nasceu, há 150 anos, a aventura emocionante da fundação. As imagens são maravilhosas e a qualidade gráfica superior ajuda a tornar evidente um trabalho de excelência. Cada página surpreende!.
    *JORNALISTA

  • Silas de Oliveira*: «Belo livro! Não sabia que se faziam ainda livros assim: cuidados, apetitosos, muito bem impressos. É um objeto que dá gosto manusear».
    *JORNALISTA

  • Silva Pires*: «Notável trabalho de investigação, uma delícia a história, brilhante a prosa e a forma como conquista o leitor, obrigando a virar página sobre página e a só parar no fim».
    *JORNALISTA

  • Rui Beja*: «Uma pérola da escrita e da investigação historiográfica».
    *PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EDITORES E LIVREIROS, DE 2008 A 2009, E DO CÍRCULO DE LEITORES, DE 1992 A 2001




FILETE


JARDIM REPÚBLICA LIDO PELO JORNALISTA FERNANDO MADAIL

  • Tic-Tac é o nome do processo inventado por Pedro Foyos no livro Jardim República para transformar algumas plantas do Jardim Botânico da Universidade de Lisboa em temíveis guerreiras e criar uma ficção baseada num facto histórico, mas pouco conhecido, da Primeira República: "a violência insana que percorreu o País", em 1914, em torno da Festa da Árvore.

    Comemoração republicana e, sobretudo, maçónica, a Festa da Árvore serviu de pretexto para os monárquicos e católicos mais conservadores acusarem os promotores da iniciativa de serem "feiticeiros pagãos" e "idólatras dos deuses vegetais", acabando por encomendar a arruaceiros uma ação punitiva em que os vândalos espezinharam árvores recém-plantadas por crianças e destroçaram muitas outras plantas no Jardim Botânico localizado na Rua da Escola Politécnica.

    Combinando a Técnica de Inibição de Crescimento (Tic) com a Técnica de Abertura de Comportas (Tac), Pedro Foyos dá credibilidade à sua fantasia literária. Entre as várias "artimanhas do reino vegetal" que tornam quase verosímil o Grupo de Operações Especiais (GOE) botânico, o autor explica que as bunia-bunia têm pinhas de cinco quilos ("um ananás esférico do tamanho de uma bola de futebol") e os bambus "a capacidade de crescerem noventa centímetros por dia".

    A partir destes dados, que revelam um rigor científico só comparável ao da descrição histórica que surge na segunda parte de Jardim República, criou uma divertida ficção em que as plantas aguardam pela surtida noturna dos seus inimigos e atacam aqueles homens com uma parafernália de recursos naturais.

    Uma intensa carreira profissional


    Ao reformar-se do jornalismo diário, Pedro Foyos passou, finalmente, a ter tempo para se dedicar à ficção. Afinal, a sua carreira foi tão intensa que se cruzou com alguns momentos determinantes da Imprensa Portuguesa. Em 1960 iniciou a carreira no diário República, o jornal oposicionista, então dirigido por Carvalhão Duarte e, depois, por Raul Rêgo. Ainda na década de 60, quando o serviço militar o impedia de trabalhar num vespertino, colaborou com O Século, sobretudo nas revistas O Século Ilustrado e Vida Mundial.

    No Verão Quente de 1975, após a ocupação do República pelos tipógrafos, passou dois meses a correr o País (com Vítor Direito) à procura das tipografias dispostas a imprimir o Jornal do Caso República, publicação clandestina no período do gonçalvismo, mas com tiragens de cem mil exemplares, tendo chegado a almoçar, em Coimbra, com Miguel Torga, solidário com aquele grupo de jornalistas que defendiam a liberdade ameaçada.

    Em Agosto de 1975, foi cofundador do diário A Luta e, em 1978, entrou no Diário de Notícias, onde integrou a chefia de redação, dirigiu a revista dominical, criou uma secção de Ficção Científica e foi responsável pela edição de livros como Stuart Inédito e A Vida das Imagens. Paralelamente, esteve ligado a projetos editoriais no domínio da fotografia, cinema e artes visuais, fundando e dirigindo um jornal e duas revistas – além de ser durante doze anos presidente da Associação Portuguesa de Arte Fotográfica.

    Só depois se estreou na ficção. O Criador de Letras é um romance inspirado na invenção do alfabeto, tendo como cenário o quotidiano em Byblos, o que o obrigou a estudar durante dois anos a pouco conhecida civilização fenícia. Seguiu-se Botânica das Lágrimas, protagonizado por crianças e cuja ação também decorre num jardim botânico, sendo ainda uma reflexão acerca do bullying.

    Finalmente, começa a fazer sentido a dedicatória que Aquilino Ribeiro escreveu num livro dedicado ao jovem jornalista que, apenas com 19 anos, entrevistou o mestre: eis o "futuro de homem de letras".
    (In Diário de Notícias, 23.Outubro.2010)


O ROMANCE BOTÂNICA DAS LÁGRIMAS LIDO POR MIGUEL REAL

  • Pedro Foyos estreou-se na ficção com um muito bem fundamentado romance histórico, de qualidade superior, O Criador de Letras, sobre a vida quotidiana no Próximo Oriente Antigo e a invenção do alfabeto, e, na rentréeescolar de 2009 / 2010, um dos marcantes romances da literatura juvenil portuguesa, o atual Botânica das Lágrimas, livro de leitura obrigatória por professores e, sobretudo, alunos do ensino básico (3º ciclo) e secundário.
    Integrado na corrente literária designada internacionalmente por young adult fiction, este romance de Pedro Foyos prossegue a linha desbravada, após o 25 de Abril de 1974, de atualização do romance juvenil em Portugal, que, indubitavelmente, pelo serviço público de leitura e pelo número de vendas, tem atravessado uma autêntica fase de ouro.
    Face à literatura juvenil clássica (Swift, H.C. Anderson, Stevenson, Júlio Verne, Emilio Salgari, Mark Twain, Enid Blyton, Ana de Castro Osório, Ricardo Alberty, Simões Müller...), o conteúdo das histórias pertinentes à nova literatura juvenil portuguesa tem operado três substituições:
    a) abandonou a componente moralista e/ou religiosa enformadora de muitos textos clássicos, não raro expressão de preconceitos sociais coevos, fortemente aculturadores da mente das crianças, substituindo-a por uma visão ecológica, socialmente relativista e etnicamente multicultural das relações sociais, deixando entrar nos textos o novo Portugal democrático e europeu, tolerante e lusófono;
    b) abandonou o tema da evidenciação ostensiva dos aleijões sociais (o órfão, a criança enjeitada, analfabeta e miserável; os bairros de barracas...), substituindo-o pela vida diária de uma criança pequeno-burguesa dos subúrbios ou de classe média urbana (o público leitor privilegiado), tecnologicamente ativa, cientificamente informada e individualmente carregada de iniciativa;
    c) substituiu as antigas histórias mitológicas célticas e greco-romanas, dotadas de um estendal de seres mágicos (sereias, silvos, nereidas, grifos, unicórnios, fadas, gigantes benignos, anões malignos, bruxas velhas de narigueta e verruga...), por um novo universo fantástico fundado na ciência e na tecnologia, unindo estas aos antigos processos mentais míticos e mágicos, como a saga de Harry Potter o prova abundantemente.
    Uma quarta característica une, no entanto, a literatura juvenil clássica e a atual – no fim da aventura, o herói e o leitor são invariavelmente recompensados pelo regresso (mais ou menos triunfante) à ordem benigna interrompida pela irrupção do mal.
    Em síntese, a literatura juvenil, clássica ou atual, alimenta-se de duas categorias – o realismo e o fantástico –, de cuja combinação nascem tanto a sua atrativa beleza quanto os seus limites. Neste sentido, literariamente falando, o século XX pode ser considerado o tempo de irrupção e independência da literatura juvenil portuguesa, para o qual muito contribuiu, sem dúvida, num outro registo, O Romance da Raposa(1929), de Aquilino Ribeiro, e As Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo(1963), de José Gomes Ferreira, livros absolutamente admiráveis.
    Esta nova obra de Pedro Foyos não só obedece às quatro características acima indicadas, como, de certo modo, as resume, evidenciando-se, assim, como um belíssimo romance juvenil de aventura, fundado em dois polos – o realismo e o fantástico –, de obrigatória leitura, repetimos, por professores e alunos do ensino básico e secundário. Debruçado sobre um tema de grande atualidade nas escolas – o bullying("tirania juvenil de forma continuada em ambiente escolar"), Botânica das Lágrimas captou em perfeição a atmosfera própria da prática do bullying no interior das escolas (a extorsão de dinheiro aos mais novos, a destruição de bens pessoais, o "corredor da morte"...), através da personalidade frágil mas ostensiva de Rufino Cromado, de raciocínio híper dotado, mas psicologicamente abjeto, de Simão-mão-de-betão, de Jeco Marado, e, na versão oposta, a dos alunos humilhados e ofendidos, a personalidade igualmente frágil mas corajosa dos "capitães" dos "Guerreiros Valentes", alunos mais novos que se sentem violentados por esta prática, revoltando-se contra ela, nomeadamente Leonardo, o "General Leo", e o seu "escudeiro" – "Bravo Toninho".
    Do mesmo modo, o autor opera uma harmoniosa ligação ao exterior da escola, seja através da evidenciação de um leque de sentimentos próprios da puberdade (orgulho, revolta, vaidade, companheirismo, amor próprio, atração sexual...), seja através da relação terna e angustiada entre Leonardo e a sua mãe, hospitalizada (vergonha de chorar, necessidade forçada de se tornar adulto). Porém, a chave de ouro de Botânica das Lágrimas reside, indubitavelmente, por um lado, na opção pelo Jardim Botânico, em Lisboa, como cenário maior do romance (a visita de estudo designada "Passeio Plantástico"), e na utilização majestosa da figura do professor Brotero como guia (homenagem ao botânico Félix Avelar Brotero, mas também ao professor Fernando Catarino, aliás, citado no romance, tal como Rómulo de Carvalho / António Gedeão e Viriato Soromenho-Marques), e, por outro, pela introdução do fantástico através do encontro de Leonardo com Camões e do diálogo daquele com as árvores, diálogo diversificado consoante a natureza (isto é, a personalidade) de cada árvore. Esta é, de facto, a ideia chave do livro, que terá forçado o autor a uma demorada investigação científica, ilustrada pelos úteis anexos do romance.
    O mais forte momento dramático do romance reside, assim, na ajuda que o reino vegetal do Jardim Botânico presta aos "Guerreiros Valentes" no combate contra o bando do Rufino Cromado e a prática do bullying, repetindo, um século depois, o episódio da Primeira República.
    Uma indispensável chamada de atenção para a atrativa combinação de aparatos estéticos: (1) a mancha gráfica do romance, dotada de um apurado jogo de letras e de separadores, (2) a divisão dos capítulos por minutos (entre as 9h15 e o meio-dia), (3) o entreato "trágico" ligado à história da implantação da República e (4) a intercalação no texto de quadros que se, por um lado, vão sintetizando a história das peripécias do General Leo, anunciam, por outro, "nós" bloqueadores da intriga, que o desenrolar da história posteriormente desbloqueará.
    Belíssimo romance para ser incluído no "contrato de leitura" do programa da disciplina de Português e partilhado em sala de aula entre professores e alunos.

    (MIGUEL REAL / PREFÁCIO À 2ª EDIÇÃO E SEGUINTES)


O ROMANCE BOTÂNICA DAS LÁGRIMAS LIDO POR UMA ALUNA DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE MEM MARTINS


  • Carla Daniela Ferreira, aluna da Escola Secundária de Mem Martins, leu atentamente o romance Botânica das Lágrimas e fez depois um resumo que foi lido por ela própria a uma assistência de cerca de uma centena de colegas que enchia o auditório daquele estabelecimento. É esse texto que se transcreve aqui. Os autores do site permitiram-se omitir as últimas quatro palavras. Porque nessas exatas quatro palavras a Carla revela o desfecho (insinuado cripticamente desde o início do livro). Ora, tratando-se de um romance… A Carla decerto compreenderá.

  • No seu novo romance, Botânica das Lágrimas, Pedro Foyos retrata o drama vivido por muitos jovens, hoje em dia, nas escolas de todo o mundo: o fenómeno bullying.
    Este romance começa com a irmã de Leonardo, Flor, de 12 anos, a tentar convencer a professora a levar o seu irmão Leonardo ao Passeio Plantástico (um passeio que acontece no âmbito das Ciências da Natureza, deslocando-se os estudantes a um jardim botânico). Contudo, a professora mostra-se receosa, pois Leonardo tem apenas 7 anos. E este não é o único motivo. Leonardo não é apenas um rapazinho de 7 anos do 1º ciclo; é o líder e General dos "Guerreiros Valentes", a quem os alunos do 2º ciclo chamam de "abanicos”, que combatem as maldades que os "bubus" (assim denominados pelos Guerreiros Valentes), também conhecidos pelos "Falcões Invencíveis", os alunos do 2º ciclo, fazem aos alunos que vêm da pré-primária.
    O autor descreve agora uma cena passada com o General Leo, onde os "bubus" recebem os alunos do 1º ano num "corredor da morte" e Leo põe-se à frente dos caloiros, enfrentando os "bubus", dizendo que quer acabar com todas as atividades maldosas. Os "bubus", ao verem este ato corajoso, recuam, menos o chefe, Rufino Cromado (Cromado, pois num concurso adivinhou qual era o elemento químico da tabela periódica que perguntavam – o crómio), um rapaz do 6º ano, muito inteligente, e os que o ladeiam. Mas alguém se põe à frente de Leo, trata-se de Toninho (um dos caloiros, que se irá tornar o Bravo Toninho, o escudeiro de Leonardo) e os bubus acobardam-se e fogem. É a partir daqui que se formam os Guerreiros Valentes.
    Passados uns dias deste acontecimento aparece escrita numa parede da escola "Abaixo o Corredor da Morte", coisa que todos os alunos e professores estranham, incluindo os "Guerreiros Valentes", pois não tinha sido nenhum deles.
    O autor volta agora ao presente. A professora, tal como já foi referido anteriormente, tem medo que se desenvolva uma guerra entre os "bubus" e os "abanicos", mas Flor acaba por convencê-la a deixar o seu irmão ir, dizendo que ele está muito ansioso, que até fizera uma contagem decrescente, no computador, dos dias que faltavam para ir ao Passeio.

    Um plano secreto para salvar o General Leo

    Com a aceitação da professora, Flor decide pedir a Rufino e a Leonardo que, durante o passeio, deem tréguas um ao outro, para não arranjarem problemas, tréguas estas que ambos aceitam.
    Ao tomarem conhecimento de que Leonardo vai ao Passeio Plantástico, os restantes "Guerreiros Valentes" ficam bastante preocupados com o seu General, pois este ia-se enfiar na toca do lobo (13 "bubus"); então decidem fazer um plano que todos votam para ser secreto. Um plano para ajudar o General Leo, caso ele venha a estar em perigo, e que se resume a irem também ao Jardim Botânico das Sete Colinas, escondidos, vigiando assim a atividade dos "bubus". Caso o seu General esteja em perigo atacarão.
    Chega então o tão esperado dia do Passeio. No Jardim são acompanhados pelo professor Félice Brotero, um homem de 60 anos e mal vestido.

    As lágrimas, sendo alcalinas, matam as plantas ácidas

    O Passeio começa logo mal, quando Leo é esbarrado pelos "bubus" que troçam dele e lhe fazem ameaças com a "Dona Salsicha Gorda" (parecido com um cassetete), que pertence a Jeco Marado, outro dos "bubus" que pretende ascender a chefe. Mas é logo salvo pela irmã, que repreende os dois pois haviam feito uma promessa.
    Continuando o Passeio, o professor Brotero fala de pH (onde Paula Henriques intervém e Leonardo lembra-se de como não gosta nada daquela pirosa rapazelha), células primordiais, biodiversidade, etc...
    Leo fica fascinado com a maneira de ensinar do professor Brotero. Este conta-lhes que as nossas lágrimas, sendo alcalinas, em plantas ácidas fazem estas murchar, ao contrário das plantas alcalinas que ficam mais vivas, o que deixa Leo bastante preocupado, pois com a sua mãe no hospital, para apagar a dor, chora na marquise que está repleta de plantas que os dois tratam e tem medo agora que as plantas ácidas comecem a murchar. Tudo isto leva-o a pensar na mãe que se encontra hospitalizada e no desejo de a ir visitar.

    A Natureza está cheia de tagarelas (duendes, árvores, etc.)


    Entretanto, continuam o Passeio e o professor avisa-os para não se distraírem com a muita tagarelice que há na Natureza: duendes, árvores, etc...
    Leo, ainda preocupado e curioso, fica para trás do grupo, junto da Figueira Estranguladora, para perguntar ao senhor dos caldeirões que lá se encontra quais eram as plantas que murchavam com as lágrimas, mas o General Leo fica muito surpreso ao encontrar Panoramix, o druida de Astérix e Obélix e decide então pedir-lhe a receita da poção mágica para vencer os "bubus", mas Panoramix confessa-lhe que a poção é apenas água, açafrão e pimenta doce, a verdadeira força está na cabeça.
    Leo fica a pensar em derrotar os "bubus" e assobia para chamar o cavalo do Senhor Dom Fuas Roupinho (que viu no livro "Dois Mil Anos de Milagres", que a tia Ofélia lhe tinha oferecido), era o companheiro de D. Afonso Henriques. Havia falado com D. Fuas Roupinho e este disse-lhe que podia utilizar o seu cavalo, que Leo apelidou de Jolly (devido ao Lucky Luke). Monta assim Jolly e diz-lhe para irem ter com o grupo, mas tem um acidente e estatelam-se, quando dois idosos avançam até ele.

    António Gedeão confessa que também fala com as árvores


    Um dos idosos é poeta, António Gedeão, o outro professor de Físico Química, Rómulo de Carvalho (que são a mesma pessoa, só que um é o pseudónimo de outro). Leo, ainda com aquela dúvida a latejar, pergunta-lhes se as lágrimas fazem murchar as plantas, ao que respondem falando em cristais e na sua importância. Ao longo da conversa que vão mantendo, Leo descobre que além de escritor famoso também quer ser cientista; Gedeão e Rómulo Carvalho dão-lhe uma ideia para recuperar a azinheira que havia perdido num incêndio; falam-lhe sobre a constituição das lágrimas e António Gedeão confessa ao General que também fala com as árvores. Entretanto, o poeta e o professor começam a discutir um com o outro sobre vários assuntos e Leo despede-se com pressa para ir ter com o grupo.
    Já junto do grupo, o General começa a sentir badaladas na cabeça e fala com o Abacateiro através do pensamento (pois falar pelas sobrancelhas já não se usa, no entanto este acaba por ensinar Leo como o fazer). O Abacateiro confessa-lhe ainda que António Gedeão também é seu amigo.

    Camões não contou a verdade nos Lusíadas


    Continuando a viagem, o grupo sente um cheiro de pomada para a gripe, que provém da Canforeira, citada por Camões nos Lusíadas. E o fenómeno repete-se novamente, a Canforeira começa a falar com Leo, a resmungar sobre Camões, o que faz lembrar ao General o feriado do Dia de Camões e como gostava dele quando a sua mãe estava presente; agora já não faz sentido, fica confuso, pois sempre ouvira falar bem de Camões. Então a Canforeira explica-lhe que não gosta de Camões, pois este não contou a história verdadeira das suas lágrimas que se transformam em pomadas para a gripe. Então, Leo e a Canforeira decidem escrever um livro com a verdadeira história desta, que se chamará "O Erro de Camões". Descobre assim também que quer ser, além de escritor famoso e poeta, historiador dos Descobrimentos Marítimos.

    Não é possível mentir a uma planta


    Depois desta conversa, corre novamente para o grupo, chegando ao pé de uma nova árvore que também mete conversa e que também sabe o seu nome. Trata-se da Coralina, que logo lhe explica que todas as árvores sabem o seu nome por causa do Dragoeiro, o Senhor do Jardim, o cérebro. Com a Coralina começa uma conversa sobre as plantas e de como elas veem através do movimento dos músculos; estes transmitem energia eletroquímica que as plantas captam, não conseguindo ninguém mentir-lhes. O General, com esta conversa, decide que também quer ser eletricista e químico. Entretanto, dá conta de que alguém o espia. É Camões, talvez com a ideia de o tentar demover de escrever o livro crítico.  

    "Naturopercetivos" são os humanos que falam com as árvores


    Continuando a sua conversa com a Coralina, esta diz-lhe que Leo é um dos muito poucos naturopercetivos (consegue falar com as árvores). No entanto Camões continua a espiá-lo.
    Despede-se da Coralina e junta-se novamente ao grupo e vão até a uma árvore com 40 metros, a Faia, que também começa a falar com Leo, explicando-lhe que os naturoperceptivos falam com as árvores através da "voz do silêncio", que consiste em sentirmo-nos parte da árvore. Leo fica distante com esta conversa e lembra-se novamente de um momento com a mãe.
    Com isto, Leo fica perdido nos seus pensamentos e acaba por perder-se do grupo. Chama por Jolly, mas em vão. De repente alguém começa a falar com ele, é uma árvore brasileira que se diz súdita dos imperadores Pedro I e II, sendo também ele imperador com o nome de Jó. Leo, aflito, pede-lhe ajuda e Jó diz que a árvore monumental atrás dele (a Bela Sombrinha) podia detetar o grupo e esta assim o faz. Estavam junto da Figueira-dos-pagodes, em hora de oração.
    Encontra o grupo e a Figueira começa então a falar com ele sobre tantra e meditação, ficando um pouco mais atrás no grupo, mas tenta agora chegar-se mais à frente para ficar no campo visual da irmã.

    Dom Teixo confessa a Leo que está inocente

    O grupo dirige-se para o Jardim das Cebolas, onde Leo avista novamente Camões a espreitar. O professor começa a falar agora de uma árvore venenosa, Dom Teixo, que matou pessoas e cavalos. A árvore fala com Leo dizendo-lhe que está inocente; como todos os bichos a comiam, a Dona Evolução havia-lhe feito aquilo. Entretanto, o General vê um casal de namorados com uma rosa, o que lhe faz lembrar a sua amada Rosa (uma vizinha) dando Dom Teixo os seus conselhos amorosos. Mas enquanto fala com esta planta, Leo espirra, por causa do pólen desta; então tem uma ideia contra os "bubus", montando assim uma armadilha a Rufino (a melhor ideia desde a Grande Coça de 1914, segundo a árvore).
    O General manda assim uma mensagem a Rufino, que vai ter com ele, confrontando-o com todas as maldades que havia feito aos meninos do 1º ano e que ele tinha provas de tudo, que estava tudo gravado, o que deixa Rufino preocupado, mas não cede, começando então a discutir e Rufino tenta humilhar Leo, mas este defende-se. Então os "bubus" revoltam-se e ficam violentos. Iam atacar o General e este põe-se a arquitetar um plano de ataque (Dragon Ball, Matrix), mas de repente aparece o Bravo Toninho, o que deixa Rufino amedrontado, acabando por escapulir-se lentamente, mas leva o "presente" de Dom Teixo, que lança agora o gás etileno sobre eles, então eles fogem, mas a fungar.
    Bravo Toninho conta então todo o plano a Leo, que fica emocionado com a atitude dos seus companheiros, mas evita chorar.

    Camões tem no telemóvel contactos de Reis e Descobridores


    Ouve-se então um espirro e Leo lembra-se que tem de avisar o cavalo Jolly para não comer o Dom Teixo, chamando-o à sua presença. Este tenta convencer Leo para não escrever o livro crítico sobre Camões, pois este havia-lhe pedido e Leo pede para que Camões venha ter com ele imediatamente. Fala então com Camões e combinam que este, na próxima edição dos Lusíadas, escreverá a história completa da Canforeira; mas o que o deixa surpreendido é o facto de Camões estar ligado à Internet, ter um portátil e um telemóvel (topo de gama) com os contactos dos Reis e dos Descobridores.

    Leo decide ser filósofo e alpinista explorador de líquenes


    Mais à frente no caminho depara-se com uma planta de nome Lágrimas de Job que lhe conta a história de Job, deixando o General a pensar no Mal e no Bem e nas maldadezinhas que tinha cometido. Uma nova árvore intromete-se nos seus pensamentos: a Tília-das-Folhas-Grandes, que lhe diz que o Bem e o Mal equilibram o mundo tal como todos os contrários, o que o leva a pensar que ele e Rufino equilibram o mundo e que existem apenas maldadezinhas num mundo perfeito. Pensa assim em ser também filósofo
    Segue o grupo até encontrarem uma Oliveira e ficam a observar os líquenes, estes que têm longas histórias, várias experiências realizadas com eles, o que leva Leo a querer ser também alpinista explorador de líquenes.
    Quando avista uns líquenes amarelos e alaranjados vai observá-los. É seguido por Edgar, um rapaz tímido e isolado, com 12 anos, do 6º ano, que lhe quer dizer quanto o admira pela sua coragem ao enfrentar os "bubus". Edgar confessa ter sido ele a escrever aquilo na parede (e a enviar provas anónimas). Juntos, os dois começam então a engendrar um plano para travar o "bullying". Edgar age assim pois havia sido vítima de "bullying" por parte dos "bubus". De repente reparam que estão a ser espiados por Rufino e Simão-mão-de-betão que lhes tiram uma fotografia para a sua "criminal list", mas o telemóvel acaba num lago do Jardim.

    Criação do GOE das plantas formadas em artilharia e balística


    Leo começa agora uma conversa com a Psicótria, um arbusto que lhe fala novamente na Grande Coça e Leo, curioso, pergunta o que havia sido; a planta explica-lhe que havia sido na Festa da Árvore, quando apareceram alguns caniços (homens) e puseram em risco muitas plantas. A partir daí formou-se o GOE das plantas formadas em artilharia e balística.
    Mas quem acaba por lhe contar a história toda é a Sequoia: tudo havia começado quando queriam substituir o rei por um presidente. A República trouxe muitas vantagens às plantas, criaram a Festa da Árvore, associações protetoras, mas os que estavam contra atingiam os políticos através do mal que faziam às plantas.
    O autor, para descrever o que aconteceu na Grande Coça de 1914, faz um entreato, contando que os contra republicanos eram contra todas essas ideias a favor da Natureza e no Dia da Festa da Árvore invadem o Jardim Botânico e destroem as plantas mais frágeis. As outras, ao verem esta agressão, formam o GOE das plantas onde cada uma usava as suas armas. Numa noite, os exterminadores invadem novamente o Jardim e todas as plantas os atacam com tudo o que podem. Os exterminadores tentaram fugir de todas as maneiras. Assim conseguiu-se que reinasse a paz no Jardim. A história foi enterrada, apenas um jardineiro, Luís Fernandes, sabia de tudo.

    Entra em ação a árvore Bunia-bunia, formada em artilharia


    Voltando de novo ao presente, Leo pensa seriamente em criar uma simbiose entre ele e as plantas do GOE, contra os "bubus", no género de uma "pequena coça". Mas alguém lhe está a ler os pensamentos, é a Magnólia (a Dona Branca), que diz que para a simbiose ser perfeita ele tem de dar algo em troca. Acaba por dar em troca a sua ajuda ao Imperador do Brasil (Jó) que está a morrer e em vias de extinção devido a um Sícomoro que o quer estrangular. Entretanto, passa um avião com mensagens irritantes, são dos "bubus", uma manobra de diversão que lhe faz perder tempo para preparar a "coça", mas logo tem a ajuda da Magnólia que prepara algumas manobras para atrasar o grupo e Leo ganhar tempo. Põe-se a caminho, mas este está todo armadilhado pelos "bubus". Fala então com o Rei Draco, que lhe diz que ele tem de fazer um juramento em latim e escolher uma árvore para o ataque. O General Leo escolhe a Bunia-bunia, formada em artilharia.
    Quando se junta novamente ao grupo, o tão ansiado momento chega e uma pinha gigante cai em cima da cabeça de Rufino e outra extra em cima da cabeça do seu escudeiro Simão, que os deixam a delirar. No entanto, o professor fica muito desconfiado pois não é normal caírem frutos naquela altura.
    Os dois "bubus" têm uma atitude infantil e birrenta e quando o General manda uma mensagem SMS a Rufino, a picá-lo, este solta um enorme espirro e um palavrão. Todos ficam perplexos pois isso é uma atitude de vítima, sendo repreendido pela professora de Ciências.

    O General Leo nem adivinha o quanto vai chorar amanhã


    Continuando o passeio, falam agora de ervas daninhas, mas o professor olha muito intensamente para Leo, pois ele, o professor, estava a par de tudo. Havia sido a Bunia-bunia a contar-lhe tudo, pois o professor também era naturoperceptivo. Leo agradece a Bunia-bunia e dá-lhe um grande louvor para o seu relatório.
    O General fica radiante com a quase derrota dos "bubus", festejando e explodindo de alegria, mas a verdadeira emoção e a verdadeira derrota dos "bubus” parte de Paula Henriques (a rapazelha de quem Leo não gosta), sugerindo criar-se um jardim no terreno de violência dos "bubus", dispondo-se o professor a plantar nessa área recuada da escola as plantas do GOE (o professor, como se disse, estava a par, por intermédio da Bunia-bunia, de todas as maldades dos "bubus").
    O General Leo, no fim da visita, despede-se das plantas e, de mãos dadas com a irmã, segue caminho para o autocarro. Mas ele nem adivinha o quanto vai chorar amanhã, pois a sua irmã conta-lhe finalmente que ………………………   (v. nota inicial).

    Carla Daniela Ferreira



FILETE

O «GRANDE JORNALZINHO» DA RUA DOS CALAFATES LIDO POR RUI BEJA

  • Uma pérola da escrita historiográfica
    O conhecimento de quem viveu por dentro e intensamente o Diário de Notícias, aliado ao saber e à sensibilidade de um jornalista de referência, estão patentes em mais esta investigação historiográfica que Pedro Foyos nos propicia com a colaboração da também premiada jornalista Maria Augusta Silva, a outra metade do inseparável "Casal das Letras". 
    Um trabalho com grande valor documental, tanto no relato dos factos como nas imagens que os ilustram, dá-nos a conhecer um passado que constitui memória imprescindível para que se saiba compreender o presente e construir o futuro.
    Porque tudo quanto consta nesta obra justifica o interesse e a atenção dos leitores, de qualquer idade,  é injusto realçar uma parte do todo. Apesar disso, não consigo resistir e cometo o pecado. Seria quase impossível não o fazer, ao deparar com a História secreta da admissão no "Diário de Notícias" do famoso repórter «Tintim», um texto que começa assim: «No que toca à imprensa infantil, o mais exaltante empreendimento do Diário de Notícias acontece em Janeiro de 1952, já no novo ciclo da Avenida da Liberdade, com a publicação do Cavaleiro Andante, porventura a revista para jovens mais popular até hoje lançada no País».
    Seria impossível ter ficado indiferente. Com oito anos acabados de fazer, o Cavaleiro Andante é indissociável do meu imaginário de criança, das minhas primeiras leituras e aventuras, daqueles dias de sábado que acordava mais cedo para comprar a revista antes de apanhar o autocarro da carreira 17, e começar a devorar a sua leitura, desejando que o percurso para a paragem de destino na Escola Nuno Gonçalves demorasse tanto tempo quanto aquele que eu necessitava para a ler de ponta a ponta.
    Obrigado, Pedro Foyos.


    In «À Janela dos Livros», março 2015

    Rui Beja foi presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, de 2008 a 2009
    e do Círculo de Leitores, de 1992 a 2001.




O «GRANDE JORNALZINHO» DA RUA DOS CALAFATES
LIDO POR GIL MONTALVERNE



  • Este "Grande Jornalzinho" é o "Diário de Notícias". E nasceu na Rua dos Calafates. O livro é a história dos seus primeiros anos desde que aquela folhinha saiu à rua, a 29 de Dezembro de 1864, composta por alguns dos mais ilustres tipógrafos daquele tempo, concretizando o sonho do seu director Eduardo Coelho. Foi há 150 anos. Comprometia-se então, como aliás estava escrito numa pequena coluna, à esquerda, e dirigida "Ao público", a "interessar a todas as classes, ser acessível a todas as bolsas e comprehensível a todas as intelligências" e mais adiante afirmando concisamente como aliás também prometia ser "um jornal de todos e para todos".
    Livro profusamente ilustrado, com reproduções e desenhos que ilustravam nesse tempo alguns dos artigos antes de, a seu tempo, virem a ser substituídos pelas primeiras fotografias dos repórteres. E depois a mudança para o edifício da Av. da Liberdade, curiosamente após ter sido dado o nome de Rua do Diário de Notícias à Rua dos Calafates em pleno Bairro Alto. Enfim, um olhar criterioso, profundo, histórico, rico de imagens e factos para relembrar ou dar a conhecer a muitos dos que nas últimas décadas não se dariam conta do que foi essa jornada tão cheia de grandes personalidades da literatura e da arte do tempo que podemos agora acompanhar com todo o pormenor. E quem melhor do que um homem como Pedro Foyos, grande jornalista com uma notável carreira profissional, tendo integrado a chefia da redacção do "Diário de Notícias", após catorze anos como redactor do "República" (único diário de oposição à Ditadura, dirigido nos últimos anos pelo democrata Raul Rego), igualmente escritor de várias obras, não só da historiografia da imprensa mas também de ficção, director de revistas periódicas, nomeadamente de fotografia, para nos dar esta “obra deliciosa e didáctica” nas palavras de Ernesto Rodrigues, “magnífico e tão necessário relato para a nossa memória colectiva”, segundo a jornalista e escritora Edite Esteves? Arriscamos dizer que, tal como está delineado o livro, o rigor e a forma como nos descreve no essencial dos pormenores, na identificação de lugares e de grandes personagens que se cruzaram na intensa vida deste grande jornal diário que começou a ser vendido por dez reis, uma simples moeda daquele tempo, e que, tal foi o interesse com que foi recebido, quase duplicava a sua tiragem dos primeiros 5.000 exemplares para os 9.600 ao fim de um ano, não conhecemos ninguém que igualasse esta proeza jornalística. O autor descreve o ambiente que rodeava o aparecimento do "Grande Jornalzinho", como foi designado pelo escritor Bulhão Pato. 
    Não esqueçamos que se vivia a Monarquia com o Rei Dom Luiz, só uma minoria de vinte por cento da população urbana estava alfabetizada mas para esses a compra daquela nova publicação diária, se bem que a sua compra constituísse um acto de certo modo social, era também o acesso ao prometido mundo cultural que se anunciara no acto inaugural e ao relativo conhecimento da actualidade dentro e fora do país, pois apenas uma década passada e aparece pela primeira vez e na primeira página um mapa do «Theatro da Guerra Russo-Turca». Aparece o verdadeiro jornalismo gráfico com as primeiras reportagens ilustradas por meio de desenhos. E esse foi um esforço conseguido pelos responsáveis da redacção e seus colaboradores. A leitura desta obra, acompanhada pelas ilustrações desse tempo e depois as fotografias passadas a desenho, mais tarde à sua própria impressão marcando a chegada dos repórteres fotográficos ao mundo da imprensa diária, torna-se uma viagem fascinante que acompanhamos com redobrado interesse. Quase conseguimos assistir, em directo, ao que aconteceu na redacção do jornal quando, já fechada a primeira página, a notícia do regicídio lança um verdadeiro alvoroço entre jornalistas e tipógrafos (não esquecer que se vivia ainda na época das letras de chumbo alinhadas cuidadosamente para se proceder à impressão gráfica). Mas o "jornalzinho" acabou por sair à rua ostentando no cabeçalho o "Gravíssimo attentado contra a família real". Recorda-se a criação dos jornais infantis lançados pela administração. Pessoalmente, vou recordando um pouco da minha infância. Mas não só. Algo me liga também a esse tempo, até porque o director do "Cavaleiro Andante", o escritor e poeta Adolfo Simões Müller, é de certo modo meu familiar. Vamos assistir também à aparição do ardina na cidade, os rapazes que distribuíam os jornais, correndo pelas ruas, subindo às encostas, a todos levando as últimas notícias. Pedro Foyos reserva também algumas riquíssimas páginas para nos dar, desde 1865, com o "Assassinato do Presidente Lincoln", a 1933, quando a "Fina Flor da Sociedade Portuguesa vem de longe para visitar a Feira do Campo Grande em Lisboa", uma série de pequenas e grandes notícias que talvez ficassem perdidas no tempo se não estivessem agora aqui reproduzidas, todas elas acompanhadas das respectivas ilustrações desse tempo, assim como do seu descritivo temporal feito pelo autor. E isso também faz deste livro um documento valioso para a história do Jornalismo em Portugal. Mas a pérola, ou — como é costume dizer-se — a cereja no cimo do bolo, fica reservada para o final, onde podemos ler uma curiosa entrevista póstuma a Eduardo Coelho, cofundador e primeiro director do "Diário de Notícias", da autoria de Maria Augusta Silva, jornalista e escritora de reconhecidos méritos, esposa de Pedro Foyos, resultando de uma proposta feita em 1984 ao director Mário Mesquita e que a insigne jornalista consegue dar-nos, após pesquisa e consulta a inúmeros textos do primeiro director do "jornalzinho", neles se baseando para ser, ao invés do habitual, conduzida às perguntas que lhe deveria fazer.
    Espero ter conseguido demonstrar, com a presente análise a esta obra, o interesse que ela representa no panorama literário português, o seu valor e quanto merece ser lida e apreciada.

    In «O amor pelos livros», abril 2015



O «GRANDE JORNALZINHO» DA RUA DOS CALAFATES
LIDO POR JOÃO FIGUEIRA


Um fresco notável sobre a fase Bairro Alto do Diário de Notícias


  • Por motivos muitos diversos o Diário de Notícias foi e é notícia regular, desde que naquele 29 de dezembro de 1864 apareceu nas ruas de Lisboa a proclamar através das vozes agudas dos miúdos ardinas que era “um jornal de todos para todos”. Em rigor, o primeiro número não foi ainda vendido pelas mãos dos ardinas, mas não tardaram em surgir, como resposta ao boicote dos postos de venda que se recusavam a aceitar um jornal quatro vezes mais barato que a concorrência. “Um órfão que eu acolhera na minha própria casa, de seu nome João Baptista Borges, ofereceu-se para vender o Diário de Notícias nas ruas, apregoando-o pela cidade inteira. Assim o fez, e foi apedrejado. Mas tornou-se o primeiro ardina em Portugal” (p. 140), recorda o cofundador e primeiro diretor, Eduardo Coelho.
    Daí para cá,  a história do jornal confunde-se com a do País e com a história do jornalismo português. Em plena era de crise da imprensa — e do próprio jornal — um seu antigo redator, Pedro Foyos, escreve sobre os primórdios de um título que introduziu a reportagem, o cartoonismo e a ilustração na primeira página, em Portugal, antes de contratar, à entrada da quarta década de publicação, o primeiro  repórter fotográfico — tudo por 10 réis, o que, à época, custava “metade do preço da talhada mínima de sabão macaco” (p. 32).  
    ‹‹“O grande jornalzinho” da rua dos Calafates››, assim se chama o livro editado pela Prelo, constitui um fresco notável da Lisboa dos finais de oitocentos e primeiras décadas do século XX, misturando o fervilhar da cidade e dos ecos que lhe chegavam do país rural com as múltiplas realidades, desafios e constrangimentos que diariamente o jornal viveu e enfrentou. A história deste “grande jornalzinho”, como lhe chamou Bulhão Pato e a cuja expressão Pedro Foyos foi buscar o título para o livro, confina-se ao período em que ele permaneceu no Bairro Alto — até 1940 — essa fase inicial de que menos se conhece e sabe sobre este diário. 
    Nascido num tempo onde a imprensa era um prolongamento da ação política, quando não o seu instrumento, o Diário de Notícias afirmou-se pela diferença e pela vontade de ser ao mesmo tempo um projeto editorial  com viabilidade económica, como agora se diz, fruto do casamento feliz de duas personalidades que se complementavam bem, Eduardo Coelho e Thomaz Quintino Antunes, como, de resto, o livro nos dá conta em vários momentos e de forma bem detalhada: “O Diário de Notícias incrementou em Portugal, num prazo brevíssimo, o aparecimento de publicações congéneres, patente no facto de se terem publicado na década sequente à fundação, mais de trinta e três jornais ao preço de diz réis” (...) “Apesar da competitividade em género e preço, nenhuma publicação logrou alcançar o êxito do Diário de Notícias, que no espaço de um ano duplicou a tiragem diária, de cinco mil para nove mil exemplares, não cessando de aumentar, para fortuna também da fábrica da Abelheira, produtora do papel” (p. 23). O novo jornalzinho, “tão pequeno que Rocha Martins o equipara a um ‹‹lenço de algibeira›› dos usados na época” (p. 21) irá ser alvo, nas décadas seguintes, a constantes mudanças de formato, ora aumentando, ora diminuindo novamente, o mesmo sucedendo com o número de páginas  — oito ou doze — variação ditada pelo volume de publicidade (p. 81-83). Até que “em 1910 uma nova impressora rotativa, ainda mais potente, chega às oficinas do Bairro Alto, acompanhada de uma parafernália de equipamentos de composição e de paginação, desconhecidos por completo em Portugal e que no conjunto marcarão o início de uma nova era tipográfica, só equiparada à futura revolução do offset” (p.83)
    Dividida em 12 capítulos, esta obra de Pedro Foyos, além de muito bem documentada em fotografias e ilustrações,  tem o ritmo e a vivacidade descritiva da reportagem que gosta de ser apelativa e “acessível a todas as inteligências”, como proclamava o DN no seu número inaugural, mas que respeita o rigor das fontes — e as cruza — sem nunca  sacrificar a precisão do que é dito em favor de uma qualquer artificialidade narrativa.
    Neste contexto, assume particular relevo o modo como o autor nos envolve e remete para o final da tarde de 1 de fevereiro de 1908, para acompanharmos por dentro o frenesim, os dilemas e as dúvidas de uma redação que já tinha a primeira página fechada, quando soube do regicídio “ali ao lado” (p. 74). O que fazer, quando escasseavam dados sobre o acontecimento e quando “um atraso de poucos minutos pode arruinar metade da edição” (p. 75), se esta não chegar a tempo de o comboio a transportar? Eis como Pedro Foyos revela ao leitor os detalhes que este desconhece sobre o processo de produção de um jornal, neste caso quando um acontecimento histórico revoluciona toda a rotina instalada: “Opta-se enfim por um expediente inédito. Todo o texto em chumbo contido na primeira página, distribuído por oito colunas, desce em bloco. Este arrastamento origina inevitavelmente que as linhas finais, em baixo, fiquem ceifadas às cegas. Logo se tentará um modo de as notícias não sofrerem truncagens grosseiras. Algumas serão mesmo excluídas. A engenhosa manobra tem por fim abrir à cabeça uma calva que acolherá a toda a largura um título com três linhas, seguido de uma prosa introdutória. Tudo o mais permanece inalterado, como se nada de especial tivesse ocorrido nas últimas horas” (p. 77).
    A história de um jornal não se faz, contudo, sem as vidas e as estórias dos que, mais direta ou indiretamente, foram construindo o seu percurso. (Caraterísticas, aliás, que encontramos  em outras obras do género: Molina, 2009, Talese, 2007, Staraselski, 2004, Evans, 1983).
    Daí, os espaços e atenção dados aos ardinas, aos ilustradores, aos repórteres fotográficos, à publicidade — e até ao seu principal concorrente, O Século.
    O último capítulo, no entanto, escapa à linha dominante do livro. Vai recuperar o trabalho publicado em 1984 no DN, por Maria Augusta Silva que, com base numa aturada pesquisa sobre os textos escritos por Eduardo Coelho e que sobre ele escreveram personalidades como Oliveira Martins, Pinheiro Chagas, Júlio César Machado, António Augusto Teixeira de Vasconcelos, Alfredo da Cunha e Magalhães Lima, mostra-nos um exercício jornalístico interessante, através da construção de uma entrevista póstuma ao primeiro diretor do jornal. O objetivo é, em poucas páginas, dar ao leitor o essencial do pensamento de Eduardo Coelho, como cidadão, como homem e como jornalista. O que é conseguido.
    O que sentiria ele se soubesse que a sua obra, que um dia considerou que tinha “o valor das obras dignas da cooperação e do aplauso dos homens justos e imparciais” (p. 148) é hoje, fruto de muitas circunstâncias, notícia de uma morte anunciada?
    Certo que os tempos eram outros, quando a compra de um jornal “era um ato socialmente distintivo” (p.32), embora à época se adquirisse um diário “com o propósito de o ler na íntegra e não porque a divulgação de um determinado tema tenha sugestionado em particular os leitores virtuais” (p.33). Lia-se um jornal como se lia um livro, da primeira para a última página. Hoje, os leitores virtuais preferem comentar ou fazer like nas redes sociais sem se darem ao trabalho de se informar primeiro. O facebook é, neste sentido, o ardina dos tempos modernos que, à sua medida, contorna, apregoa e substitui a forma tradicional de distribuição de informação. Quem nos dera um novo “grande jornalzinho”, capaz de revolucionar o modo de fazer jornalismo, como o soube fazer o Diário de Notícias quando nasceu na velha rua dos Calafates.

    In revista Mediapolis (Coimbra, set. 2016)

                  • João Figueira é Professor Auxiliar na Universidade de Coimbra, Departamento de Filosofia,
                      Comunicação e Informação.



O CASO DO JORNAL ASSALTADO
LIDO POR BAPTISTA-BASTOS



                                                                                         


UM IMPORTANTE LIVRO DE PEDRO FOYOS

No turbilhão dos anos de Abril, o velho jornal, que a tanta malandrice resistira, foi tomado de assalto por um grupo de "revolucionários" de última hora e cometeram malfeitorias morais e profissionais, que obtiveram eco por toda a Europa.

Li, com o prazer de quem regressa a um passado distante e tão próximo, o excepcional livro de Pedro Foyos, "O Caso do Jornal Assaltado", que repõe os factos de um assunto que muitos desejariam esquecido. No turbilhão dos anos de Abril, o velho jornal, que a tanta malandrice resistira, foi tomado de assalto por um grupo de "revolucionários" de última hora (tenho o nome de todos, e alguns bem pulhastros) e cometeram malfeitorias morais e profissionais, que obtiveram eco por toda a Europa. Vale a pena ler este importantíssimo documento, escrito por um jornalista de invulgar decência e talento, com quem trabalhei, no República, em anos de extrema dificuldade económica. Tudo o que ocorreu nesses anos terríveis é ali relatado com a decência e a honestidade moral de um homem raro, como Pedro Foyos.
Os factos, por mais pequenos que aparentem ser, as repercussões nacionais e internacionais de um assunto que mobilizou o país e o estrangeiro, as grandezas e as misérias de quem esteve envolvido no assunto que se tornou sórdido, são narrados, com exemplar dignidade, por Pedro Foyos, que lembra o tempo (com fotografia e depoimento) em que, muito jovens, ainda acreditávamos no céu e no inferno.
Este belo e honrado texto, escrito com a emoção de quem esteve por dentro de um assunto com repercussões morais e políticas por toda a Europa, relata não só o que se passou no exterior como o que ocorreu no coração daqueles homens e o ruído que alcançou na rua e no estrangeiro, moldando uma geração e os destinos revolucionários de um tempo terrível e sem oclusão.
Li, com a atenção emocionada de quem esteve por dentro, este relatório sem omissões, que repõe a história no seu devido lugar e recupera para a verdade, tantas vezes distorcida e omitida, a realidade dos factos. Factos que muitos desejam omitir, e que possuem relações factuais com outros factos depois ocorridos, e com a "reconversão" de muitos trastes, reconvertidos aos fascínios do dinheiro e da tranquilidade social.
"O Caso do Jornal Assaltado" não pretende fazer ajustes de contas nem retaliar os momentos que ilustraram aquele assunto e ilustraram aquela época. Pedro Foyos limita-se a relatar os casos do caso e a deixar a outros os ajustes da justiça. Não omite por estratégia: relata o que, no seu entender, constitui factos da história. Um excelente trabalho de um excelente jornalista, que deixa aos outros a tarefa sempre insana de julgar.
Pedro Foyos é um nobre e honrado profissional de Imprensa, cuja natureza exprime a grandeza de um homem que jamais retaliou, e sempre dirigiu o seu destino sob os avisos da sua consciência. E este livro, impressionante e importante documento da nossa história, é um nobre documento a fixar.


              • Jornal de Negócios, 23 Dezembro 2016